Ela largou o serviço público para abrir bistrô e hoje fatura R$ 15 milhões com franquias | Mulheres Empreendedoras
Sálua Bueno, 41 anos, trilhava uma carreira no serviço público quando decidiu abraçar o sonho de empreender. Formada em economia e concursada como pesquisadora, ela viu na ideia de ter o próprio negócio a oportunidade de explorar seu lado criativo e sua paixão pela gastronomia. Assim, em 2014, Bueno inaugurou a primeira unidade da Amelie Crêperie. A aposta deu certo e, em 2021, ela fundou o Juliette Bistrô, marca irmã da primeira empresa. Em 2023, os dois negócios somaram um faturamento de R$ 15,6 milhões.
“Um dos meus hobbies era fazer viagens de enoturismo, onde tive a oportunidade de aprender sobre o universo dos vinhos e da gastronomia. Além disso, eu, frequentemente, me aventurava na cozinha. Logo, abrir um bistrô com inspiração francesa reunia tudo que eu gostava em um único projeto”, conta. De acordo com a empreendedora, o que fez a Amélie Crêperie se destacar foi o conceito de oferecer experiência com “um preço acessível”.
Apesar do sucesso, os primeiros passos não foram nada fáceis para a empreendedora de primeira viagem. Decidida a estrear em um shopping center, por conta do alto fluxo de pessoas, ela investiu R$ 800 mil na primeira loja da marca, localizada no Shopping da Gávea, na Zona Sul do Rio de Janeiro. O montante foi o dobro do que Bueno esperava gastar na época.
“Com a experiência de mercado que tenho, consigo colocar a mesma operação de pé com R$ 650 mil […]. Foram seis meses ajustando o cardápio e entendendo a operação para o negócio começar a ser lucrativo”, afirma. De acordo com ela, com os ajustes, a empresa alcançou o faturamento de R$ 200 mil por mês, o que levou a empreendedora a apostar na abertura de uma segunda unidade em 2016, em outro shopping carioca.
Um ano depois, a marca expandiu novamente, abrindo uma nova loja em mais um shopping da zona Sul do Rio de Janeiro. De acordo com Bueno, o negócio já era sustentável e pedidos para franquear a empresa começaram a surgir. Contudo, enquanto traçava novos planos de expansão, a pandemia obrigou a empreendedora a redesenhar o modelo de negócio da marca, que ainda não trabalhava com delivery.
A empresária, que acreditava que o principal produto das lojas, o crepe, não teria boa aceitação no sistema de entregas, passou alguns meses do lockdown com faturamento zerado. Com o apoio de empréstimos, que ao final da pandemia somaram R$ 2 milhões, a empresa deu início à operação por delivery e conseguiu retomar a entrada de receita.
“Hoje, temos no delivery um canal a mais de faturamento, e com potencial de ser mais explorado, já que, atualmente, usamos como um acessório, que funciona apenas fora dos nossos horários de pico”, afirma Bueno. O serviço de entrega representa cerca de 10% do faturamento das lojas.
Com o objetivo de acelerar a expansão para recuperar capital, mas sem investimentos próprios, a empreendedora decidiu tirar o plano do crescimento por franquias do papel, inaugurando, em 2021, a primeira unidade franqueada. Atualmente, a marca conta com três franquias em operação.
Também em 2021, a empresária deu início a um segundo projeto: a marca Juliette Bistrô. Com estética e cardápio fiéis às referências francesas no Amélie Crêperie, Bueno apostou em uma nova empresa, que apesar de seguir o mesmo conceito de charme acessível da outra, conta com uma culinária internacional mais diversa, com releituras de pratos adaptados para o paladar brasileiro e um ambiente inspirado na arquitetura Art Déco de grandes metrópoles.
“Percebi que com mais de um conceito eu conseguiria estar em mais lugares, com propostas diferentes, até mesmo de ter duas lojas em um mesmo shopping, coisa que eu não conseguiria com uma única marca. Além disso, vi que eu teria a possibilidade de dialogar com momentos de consumo diferentes”, comenta.
A empreendedora, que já começou o Juliette com a formatação para franquias, afirma que já conta com um mesmo franqueado operando as duas marcas em um único shopping.
Em 2023, as marcas atingiram um faturamento de R$ 15,6 milhões, com o total de sete unidades entre as duas empresas. Para 2024, a meta é atingir um crescimento de 20% sobre o valor. Com opções de negócio com investimento inicial a partir de R$ 650 mil, a empresa projeta crescer com o franchising nos próximos anos. Em parceria com o Grupo Arcca, holding de franqueadoras multimarcas, a expectativa é iniciar a expansão pela região sudeste, alcançando até 25 novas unidades na região nos próximos dois anos.